Presidente da Autarquia critica ASAE de manchar imagem da alheira de Mirandela
A presidente da Câmara de Mirandela, Júlia Rodrigues pediu a demissão do inspetor-geral da Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE), mostrando indignação por considerar "irresponsável" a forma como foram comunicadas as apreensões, afirmando que: "no local onde o inspetor-geral está sentado, em Lisboa, não sabe o impacto que um comunicado deste teor, acarreta em produtos certificados como a Alheira de Mirandela".
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Foto: Associação Comercial e Industrial de Mirandela, |
Em causa, estão duas fiscalizações distintas, realizadas pela ASAE no concelho e divulgadas a 23 de fevereiro, ocorridas num entreposto de carnes, em Torre D. Chama e numa produção particular ilegal de carnes e enchidos, no Franco, ambas situadas no concelho de Mirandela.
Ao todo, foram apreendidas 12,5 toneladas de carnes e encerrados os locais, mas, segundo a autarca, a forma como as fiscalizações foram divulgadas, afetaram negativamente a imagem da alheira de Mirandela, o principal produto do concelho e responsável por um movimento anual de 30 milhões de euros.
A autarca socialista é médica veterinária de profissão e afirmou, em conferência de imprensa, que é “a primeira a exigir controlo”, todavia entende que a conduta da ASAE deve ser para “proteger os consumidores e não para criar alarmismos”.
“A região e Mirandela não podem ser limitadas na sua ação e criar suspeitas infundadas, levantando suspeitas sobre produtos que nada têm a ver com o que está a ser comunicado. Os produtores licenciados no concelho, em larga maioria com produção controlada, não podem ser postos em causa por este alarmismo mediático. A ASAE teve um efeito positivo no país, mas a forma como comunica a sua ação é prejudicial para as produções que estão legais”, referiu a autarca.
Júlia Rodrigues criticou ainda o facto, de a ASAE mencionar no comunicado que as apreensões resultaram de investigação que durava há meses e só a uma semana da Feira da Alheira de Mirandela é que os resultados foram divulgados, questionando: “O que é que a ASAE tem contra Mirandela”, lembrando que antes do Natal encerrou o maior matadouro da região, o do Cachão, e em 2015 a Alheira de Mirandela teve avultados prejuízos por causa da divulgação de comunicados sobre produtos apreendidos em Trás-os-Montes com botulismo.
O responsável pela entidade gestora da Alheira Certificada de Mirandela, Vítor Borges, da Associação Comercial e Industrial de Mirandela, emitiu um comunicado a demarcar-se das situações relatadas nas apreensões e a reclamar que a ASAE seja “mais cuidadosa na forma como divulga as notícias. As referidas apreensões foram realizadas num comerciante de carnes de Torre D. Chama e noutro de enchidos do Franco, que nada têm a ver com o circuito da conhecida e certificada Alheira de Mirandela, com proteção comunitária através de Indicação Geográfica Protegida (IGP)".
ASAE responde às criticas
A ASAE respondeu a um pedido de reação feito pela Lusa, informando: “o comunicado de imprensa divulgado no passado dia 23 de fevereiro relativo à apreensão de produtos cárneos, teve como principal objetivo divulgar o resultado de duas ações de fiscalização, completamente distintas e autónomas, realizadas no concelho de Mirandela. Uma das ações foi dirigida a um entreposto frigorífico, que fornecia diversos tipos de operadores económicos retalhistas, tais como estabelecimentos de restauração, supermercados, talhos, entre outros, tendo sido apreendidas cerca de 12 toneladas de produtos exclusivamente cárneos (congelados e refrigerados), com cerca de metade se encontrarem impróprias para consumo”.
A ASAE esclarece que “não foram apreendidos neste entreposto quaisquer enchidos, sendo ainda determinada a suspensão do entreposto por falta de licenciamento, ausência de Número de Controlo Veterinário (NCV) e incumprimento dos requisitos de higiene. A segunda ação de fiscalização, independente da primeira, foi realizada a uma indústria de enchidos tendo sido apreendidos cerca de 500 quilogramas de produtos cárneos e enchidos, 300 dos quais se encontravam impróprios para consumo”.
Estas ações resultaram na instauração de dois processos-crime por comercialização de "produtos anormais avariados" e um processo de contra-ordenação por falta de requisitos e rastreabilidade em géneros alimentícios.
Noticia da Redacção com Lusa
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