SUOR INTEMPORAL

Intuições imortais, aquelas que tais. Vida incontestável, lícitos renovados, rios de lágrimas que são brochuras cravadas na alma. Quem sou? Apenas um pedaço de carne, muito mais que simples fragmento de alma, sou vida eterna. Construção feita de pedra nos pilares da humanidade, dita sociedade, uma igualdade invisível, sou eterna, sei, sinto. Para onde vou? Sei lá. Que importa o destino de quem vive na liberdade de um coração presente? Que importa o caminho para quem segue descalça e sobre pedras? Lamentos? Para quê? Vida eterna aquela que já foi passada, embuste aquela que não se vive com verdade, chatice, vigarice. Insignes alucinações aquelas que se penduram nos cifrões, pedaços de carne podre que vivem por viver julgando que mais alto vão morrer, mentira viva. Valiosa a vida daqueles que alam com o coração, emoção, ação. Olhais-me de fronte, arrepia-vos o impacto das minhas rugas, eu sei, mas estas prodigiosas marcas tatuadas pelo tempo mais não são do que belos pontos de cruz em linhas de ouro num quadro que a vida amou. Por mais sofrimento existente, frustração ausente, gente, sou, fui, serei. Rugas que amo. Tal como amo os sorrisos que guardo na alma e seguirão comigo rumo à eternidade de um coração que não morre.
Texto: Paulo Costa
Foto: Biblioteca Municipal de Beja
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